Выбрать главу

— Diga a ele que isso é confidencial, Neusa. Não posso lhe fornecer essa informação.

Ela balançou a cabeça com indiferença.

— Então Angel vai dizer a você para ir se foder. Posso tomar outro rum antes de ir embora?

A mente de Harry Lantz começou a trabalhar em alta velocidade. Se a mulher fosse embora, ele tinha certeza de que nunca mais tornaria a vê-la.

— Vamos fazer uma coisa, Neusa. Telefonarei às pessoas para as quais estou trabalhando. Se me derem permissão, eu lhe direi um nome. Está bom assim?

Ela deu de ombros.

— Não me importo.

— Mas Angel se importa — explicou Lantz, paciente.

— Diga a ele que terei uma resposta amanhã. Há algum lugar em que eu possa encontrar você?

— Acho que sim.

Ele estava fazendo algum progresso.

— Onde?

— Aqui.

O garçom trouxe o rum e Lantz observou-a tomar tudo de um só gole, como um animal. Sentiu vontade de matá-la.

Lantz ligou a cobrar, a fim de que não pudessem localizá-lo na origem da chamada, de uma cabine pública na rua Calvo. Esperou mais de uma hora para que a ligação fosse completada.

— Não — disse o Controlador. — Eu falei que nenhum nome seria mencionado.

— Sei disso, senhor. Mas estou com um problema. Neusa Muñez, a amante de Angel, diz que ele está disposto a fazer o negócio, mas não levantará um dedo enquanto não souber com quem está tratando. Como não podia deixar de ser, eu disse a ela que precisava consultar as pessoas que me haviam enviado até aqui.

— Como é essa mulher?

O Controlador não era um homem que se pudesse enganar.

— Ela é gorda, feia e estúpida, senhor.

— É muito perigoso usar o meu nome.

Harry Lantz podia sentir que o negócio estava lhe escapando.

— Compreendo, senhor. Mas não se pode esquecer que a reputação de Angel está baseada em sua capacidade de ficar de boca fechada. Se ele algum dia começasse a falar, não duraria cinco minutos neste negócio.

Houve um silêncio prolongado.

— Tem razão nesse ponto. — Houve outro silêncio, ainda mais prolongado. — Está bem. Pode dar meu nome a Angel. Mas ele não deve divulgá-lo e nunca deve entrar em contato comigo diretamente. Todo o trabalho será realizado por seu intermédio.

Harry Lantz sentia-se tão contente que podia sair dançando.

— Direi a ele, senhor. Obrigado.

Desligou, sorrindo. Ia receber cinqüenta mil dólares. E depois a recompensa de um milhão de dólares.

Quando se encontrou com Neusa Muñez, naquela noite, Harry Lantz pediu imediatamente um rum duplo para ela e disse, na maior felicidade:

— Está tudo acertado. Obtive permissão. Ela fitou-o com a indiferença habitual.

— É mesmo?

Ele comunicou o nome de seu empregador. Era conhecido no mundo inteiro, e Lantz esperava que ela se mostrasse impressionada. Mas a mulher deu de ombros.

— Nunca ouvi falar.

— As pessoas para quem trabalho, Neusa, querem que o serviço seja feito o mais depressa possível. Marin Groza está escondido numa villa em Neuilly e...

— Onde?

Oh, Deus Todo-Poderoso! Ele estava tentando se comunicar com uma bêbada idiota. E disse, paciente:

— É uma cidadezinha nos arredores de Paris. Angel saberá onde fica.

— Preciso de outro trago.

Uma hora depois Neusa ainda estava bebendo, e desta vez Harry Lantz a estimulava. Não que ela precise de muito estímulo, pensou Lantz. Quando estiver completamente embriagada, vai me levar a seu namorado. O resto será fácil.

Observou Neusa Muñez, que contemplava seu drinque com os olhos vidrados.

Não deve ser muito difícil pegar Angel. Ele pode ser duro, mas não deve ser muito inteligente.

— Quando Angel voltará à cidade? Ela focalizou os olhos vazios em Lantz.

— Semana que vem.

Harry Lantz pegou a mão da mulher e afagou-a, indagando suavemente:

— Por que nós dois não vamos para a sua casa?

— Está bem. Ele conseguira.

Neusa Muñez morava num sórdido apartamento de dois cômodos, no bairro de Belgrano, em Buenos Aires. O apartamento era sujo e desarrumado, como sua moradora. Passaram pela porta, e Neusa encaminhou-se direto para o pequeno bar no canto da sala. Estava cambaleando.

— Quer um drinque?

— Não, obrigado — respondeu Lantz. — Mas você pode tomar.

Ele observou-a servir o drinque e tomá-lo. Ela é a mulher mais feia e repulsiva que já conheci, pensou Lantz. Mas o milhão de dólares que vai me proporcionar será uma beleza.

Correu os olhos pelo apartamento. Havia alguns livros empilhados sobre uma mesinha baixa. Lantz pegou-os um a um, esperando descobrir alguma coisa sobre a mente de Angel. Os títulos o surpreenderam: Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado; Fogo da montanha, de Omar Cabezas; Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Márquez; À noite, os gatos, de Antonio Cisneros. Então Angel era um intelectual. Os livros não combinavam com o apartamento nem com a mulher. Lantz aproximou-se dela e passou os braços pela cintura enorme e flácida.

— Sabia que você é muito atraente? — Ele levantou a mão e afagou os seios. Eram do tamanho de melancias. Detestava mulheres de seios grandes. — Tem realmente um corpo sensacional.

— Hein?

Os olhos de Neusa estavam vidrados. Lantz baixou os braços e acariciou as coxas gordas através do vestido fino de algodão, sussurrando:

— Gosta disso?

— De quê?

Ele não estava fazendo nenhum progresso. Tinha de pensar num meio de levar aquela amazona para a cama. Mas também sabia que precisava agir com todo cuidado. Se a ofendesse, ela poderia ficar furiosa e contar tudo a Angel, o que acabaria com suas perspectivas. Poderia tentar a persuasão, mas ela estava bêbada demais para entender o que ele dissesse.

Enquanto Lantz tentava desesperadamente pensar numa manobra esperta, Neusa murmurou:

— Quer foder? Ele sorriu, aliviado.

— É uma grande idéia, meu bem.

— Vamos para o quarto.

Ela estava cambaleando quando Lantz a seguiu para o pequeno quarto. Tinha um closet, com a porta entreaberta, uma cama de casal desarrumada, duas cadeiras e uma cômoda, com um espelho rachado por cima. Foi o closet que atraiu a atenção de Harry Lantz. Viu uma fileira de ternos de homem pendurados lá dentro.

Neusa estava ao lado da cama, tentando abrir os botões da blusa. Em circunstâncias normais, Harry Lantz estaria junto dela, despindo-a, acariciando seu corpo e murmurando obscenidades excitantes em seu ouvido. Mas a visão de Neusa Muñez lhe causava a maior repulsa. Ficou parado, observando, enquanto a saia caía no chão. Ela não usava nada por baixo. Nua, era ainda mais feia do que vestida. Os seios enormes eram flácidos, e a barriga protuberante tremia como geléia quando ela se mexia. As coxas gordas eram uma massa de celulite. Ela é a coisa mais grotesca que já vi, pensou Lantz. Pense de maneira positiva, disse a si mesmo. Isto acabará em poucos minutos, enquanto o milhão de dólares durará para sempre.

Lentamente, forçou-se a tirar as roupas. Ela estava estendida na cama, como um leviatã, à sua espera. Lantz foi ficar ao seu lado.

— Do que você gosta? — perguntou ele.

— Hein? Chocolate. Gosto de chocolate.

Ela estava mais bêbada do que ele pensara. Isso é ótimo. Tornará tudo mais fácil. Começou a acariciar o corpo flácido e branco.

— Você è uma mulher muito bonita, meu bem. Sabia disso?

— Hein?

— Gosto muito de você, Neusa. — Lantz desceu as mãos para o monte peludo entre as pernas gordas e começou a traçar pequenos círculos. — Aposto que leva uma vida emocionante.