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— Quem você acha que está por trás disso, Stan?

— Podem ser os russos ou Ionescu. Ao final, dá no mesmo. Eles não queriam que a situação atual fosse alterada.

— Portanto, teremos de lidar com Ionescu. Muito bem. Vamos providenciar a confirmação de Mary Ashley o mais depressa possível.

— Ela está vindo para cá, Paul. Não há problema.

— Ótimo.

Ao tomar conhecimento da noticia, Angel sorriu. Aconteceu mais cedo do que eu esperava.

Às dez horas da noite o telefone particular tocou e o Controlador atendeu.

— Alô?

Ele ouviu a voz gutural de Neusa Muñez:

— Angel viu o jornal esta manhã. Ele diz para depositar o dinheiro em sua conta no banco.

— Informe a ele de que tudo será providenciado imediatamente. E por favor, miss Muñez, comunique a ele que estou muito satisfeito. E também lhe diga que talvez eu torne a precisar de seus serviços muito em breve- Tem um telefone pelo qual eu possa fazer contato? Houve uma pausa prolongada.

— Acho que sim... Ela deu o número.

— Obrigado. Se Angel. . A linha ficou muda. Mas que vaca estúpida!

O dinheiro foi depositado na conta em Zurique naquela manhã, e uma hora depois de recebido, foi transferido para um banco saudita em Genebra. Uma pessoa não pode deixar de ser muito cuidadosa hoje em dia, pensou Angel. Os miseráveis banqueiros estão sempre procurando uma maneira de enganar a gente.

12

Era mais do que empacotar as coisas de uma família. Era empacotar toda uma vida. Era dar adeus a treze anos de sonhos, lembranças e amor. Era a despedida final a Edward. Aquele fora o lar que haviam partilhado e agora se tornaria outra vez apenas uma casa, ocupada por estranhos sem noção das alegrias e pesares, lágrimas e risos que haviam acontecido dentro daquelas paredes.

Douglas e Florence Schiffer estavam na maior satisfação porque Mary decidira aceitar o posto.

— Você vai ser fantástica — Florence garantiu a Mary. — Doug e eu sentiremos sua falta e das crianças.

— Prometa que irão à Romênia nos visitar.

— Prometo.

Mary estava sufocada pelos detalhes práticos que tinha de enfrentar, as incontáveis responsabilidades desconhecidas. Ela fez uma lista:

Ligar para o guarda-móveis e pedir que venham buscar as coisas pessoais que estamos deixando.

Cancelar o leiteiro.

Cancelar o jornal.

Fornecer ao carteiro o novo endereço para a correspondência.

Assinar o contrato de aluguel da casa.

Providenciar o seguro.

Providenciar a transferência das contas de luz e gás.

Pagar todas as contas.

Não entrar em pânico!

Uma licença por tempo indefinido fora acertada com o reitor Hunter.

— Arrumarei alguém para o seu lugar nos cursos normais. Não é problema. Mas os alunos dos seus seminários vão sentir sua falta. — Ele sorriu. — Tenho certeza de que nos deixará a todos muito orgulhosos, senhora Ashley. Boa sorte.

— Obrigada.

Mary tirou as crianças da escola. Havia providências para a viagem, era preciso comprar as passagens de avião. No passado Mary nunca se preocupara com as transações financeiras, porque Edward estava presente para cuidar de tudo. Agora não havia Edward, exceto em sua mente e coração, onde ele sempre estaria.

Mary estava preocupada com Beth e Tim. No início eles se mostraram entusiasmados com a idéia de viver em outro país, mas agora se confrontavam com a realidade e sentiam uma profunda apreensão. Foram procurar Mary, em separado.

— Não posso deixar todos os meus amigos, mamãe — disse Beth. — Talvez eu nunca mais torne a ver Virgil. Estou pensando se não seria o caso de ficar aqui até o fim do semestre.

Tim disse:

— Acabo de entrar no time. Se eu sair agora, eles arrumarão outro para o meu lugar como terceira base. Talvez possamos deixar para viajar depois do próximo verão, quando a temporada acabar. Por favor, mamãe!

Eles estão assustados. Como a mãe. Stanton Rogers fora muito convincente. Mas sozinha com seus medos, à noite, Mary pensou: Não sei nada sobre as funções de uma embaixadora. Sou apenas uma dona-de-casa do Kansas fingindo que é alguma espécie de estadista. Todos vão descobrir que não passo de uma fraude. Foi loucura concordar com isso.

Finalmente, milagrosamente, tudo estava pronto. A casa fora alugada para uma família que acabara de se mudar para Junction City.

Estava na hora de partir.

— Doug e eu levaremos vocês de carro até o aeroporto — insistiu Florence.

O aeroporto em que pegariam o avião de seis lugares para Kansas City, Missouri, ficava localizado em Manhattan, Kansas. Em Kansas City embarcariam num avião maior, que os levaria a Washington.

— Peço que me dêem só um minuto — disse Mary.

Subiu até o quarto que partilhara com Edward por tantos anos maravilhosos. Ficou parada no meio, dando uma última e longa olhada.

Estou partindo agora, meu querido. Queria apenas me despedir. Creio que estou fazendo o que você gostaria. Pelo menos espero que sim. A única coisa que realmente me incomoda é que tenho o pressentimento de que talvez nunca mais voltemos para cá. Sinto como se o estivesse abandonando. Mas você estará comigo onde quer que eu vá. Preciso de você agora mais do que já precisei em qualquer outra ocasião. Fique comigo. Ajude-me. Eu o amo muito. Penso às vezes que não poderei agüentar sem você. Pode me ouvir, querido? Está aí...?

Douglas Schiffer providenciou o despacho da bagagem no pequeno avião. Quando viu o avião pousado na pista, Mary estacou abruptamente.

— Deus do céu!

— Qual é o problema? — perguntou Florence.

— Eu... eu estava tão ocupada que esqueci por completo.

— Esqueceu o quê?

— De voar! Nunca entrei antes num avião, em toda a minha vida, Florence! Não posso conceber subir nessa coisinha!

— Mary, as chances são de uma em um milhão de que aconteça alguma coisa.

— Não gosto de chances — disse Mary firmemente. — Viajaremos de trem.

— Não pode fazer isso. Estão esperando você em Washington esta tarde.

— Viva. Não vou servir a ninguém morta.

Os Schiffer levaram quinze minutos para persuadir Mary a embarcar no pequeno avião. Meia hora depois, ela e os filhos estavam acomodados para o vôo 826 da Air Midwest. Enquanto os motores aceleravam e o aparelho começava a correr pela pista, Mary fechou os olhos e apertou com toda força os braços da poltrona. Segundos depois estavam no ar.

— Mamãe...

— Psiu! Não fale!

Ela ficou rígida, recusando-se a olhar pela janela, concentrando-se em manter o avião no ar. As crianças apontavam as paisagens lá embaixo, divertindo-se imensamente.

Crianças, pensou Mary, amargurada. O que podem saber?

No aeroporto de Kansas City, eles passaram para um DC-10 e seguiram para Washington. Beth e Tim sentaram juntos, e Mary ficou no outro lado do corredor. Uma mulher idosa sentou ao lado de Mary.

— Para ser franca, estou um pouco nervosa — confessou a companheira de viagem de Mary. — Nunca voei antes.

Mary afagou-lhe a mão e sorriu.

— Não há motivo para ficar nervosa. Só há uma chance em um milhão de acontecer alguma coisa.

LIVRO DOIS

13