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Mary riu.

— Terei um quarto na embaixada pronto para você e Doug.

— Quando você viaja para a Romênia?

— Primeiro, o Senado tem de aprovar minha designação. Mas Stan diz que é apenas uma formalidade.

— O que acontece em seguida?

— Tenho de passar algumas semanas recebendo instruções em Washington e depois as crianças e eu seguimos para a Romênia.

— Mal posso esperar o momento de ligar para o Daily Union! — exclamou Florence. — A cidade provavelmente vai erguer uma estátua para você. Tenho de desligar agora. Estou excitada demais para continuar a conversa. Tornarei a ligar amanhã.

Ben Cohn tomou conhecimento do resultado da audiência de confirmação quando voltou ao jornal. Ainda se sentia perturbado. E não sabia explicar o motivo.

14

Como Stanton Rogers previra, a votação do plenário do Senado foi uma mera formalidade. Mary foi aprovada por uma maioria tranqüila. Quando foi informado, o presidente Ellison disse a Stanton Rogers:

— Nosso plano está em andamento, Stan. Nada pode nos deter agora.

Stanton Rogers balançou a cabeça e murmurou, sorrindo:

— Nada mesmo.

Pete Connors estava em sua sala quando recebeu a notícia. No mesmo instante escreveu uma mensagem e codificou-a. Um dos seus homens estava de serviço na sala de comunicações da CIA.

— Quero usar o Canal Roger — disse Connors. — Espere lá fora.

O Canal Roger é o sistema de transmissão ultraprivativo da CIA, à disposição apenas de uns poucos executivos de alto nível. As mensagens são enviadas por um transmissor laser numa freqüência ultra-alta, em uma fração de segundo. Assim que ficou sozinho, Connors despachou a mensagem. Estava endereçada a Sigmund.

Durante a semana seguinte Mary visitou o subsecretário de Estado para assuntos políticos, o diretor da CIA, o secretário de Comércio, os diretores do Chase Manhattan Bank de Nova York e diversas organizações judaicas importantes. Cada um tinha avisos, conselhos e pedidos. Ned Tillin-gast, da CIA, mostrou-se entusiasmado.

— Será ótimo para o nosso pessoal voltar a agir por lá, senhora embaixadora. A Romênia tem sido um ponto cego para nós desde que nos tornamos personae non gratae. Destacarei um homem para a sua embaixada como um dos adidos. — Exibiu uma expressão sugestiva. — Tenho certeza de que dará a ele cooperação total.

Mary especulou o que isso significaria exatamente. É melhor não perguntar, decidiu.

A cerimônia de juramento dos novos embaixadores é normalmente presidida pelo secretário de Estado, e cerca de 25 a 30 candidatos participam ao mesmo tempo. Na manhã em que a cerimônia deveria ocorrer, Stanton Rogers telefonou para Mary.

— O presidente Ellison pediu que esteja na Casa Branca ao meio-dia, Mary. Ele presidirá o juramento pessoalmente. Traga Beth e Tim.

O Gabinete Oval estava repleto de representantes da imprensa. Quando o presidente Ellison entrou, acompanhado por Mary e seus filhos, as câmaras de televisão começaram a funcionar e os flashes espocaram. Mary passara a meia hora anterior com o presidente, que se mostrara afável e tranqüilizador.

— Você é perfeita para o posto, ou eu nunca a teria escolhido — garantira ele. — E você e eu vamos fazer com que o sonho se transforme em realidade.

E parece mesmo um sonho, pensou Mary, enquanto enfrentava a bateria de câmaras.

— Levante a mão direita, por favor. Mary repetiu as palavras do presidente:

— Eu, Mary Elizabeth Ashley, juro solenemente que sustentarei e defenderei a Constituição dos Estados Unidos contra todos os inimigos, externos e internos, que lhe concederei toda fé e lealdade, que assumo esta obrigação por livre e espontânea vontade, sem qualquer reserva mental ou propósito de evasão, que me desincumbirei fielmente dos deveres do cargo que estou prestes a assumir, pela vontade de Deus.

E estava consumado. Ela era a embaixadora na República Socialista da Romênia.

A rotina começou. Mary recebeu a ordem de se apresentar na Seção de Assuntos Europeus e Iugoslavos do Departamento de Estado. Ali, recebeu uma pequena sala, um autêntico cubículo, em caráter temporário, ao lado do setor romeno.

James Stickley, o chefe do setor romeno, era um diplomata de carreira, com 25 anos de serviço. Tinha cinqüenta e tantos anos, estatura mediana, rosto afilado, lábios pequenos e finos. Os olhos eram castanhos, muito claros e frios. Encarava com desdém os nomeados políticos que estavam invadindo seu mundo. Era considerado o maior perito do setor romeno; quando o presidente Ellison anunciara seu plano de designar um embaixador para a Romênia, Stickley ficara extasiado, certo de que o posto lhe seria concedido. A notícia sobre Mary Ashley fora um golpe amargo. Já era bastante terrível ter sido preterido, mas era mortificante perder para uma escolha política — uma mulher insignificante do Kansas.

— Pode acreditar numa coisa dessas? — perguntara ele a Bruce, seu maior amigo. — Metade dos nossos embaixadores é de nomeados políticos. Isso nunca poderia acontecer na Inglaterra ou França. Eles usam profissionais de carreira. O exército convidaria um amador para ser general? Pois as porras dos nossos embaixadores amadores no exterior são como generais.

— Você está bêbado, Jimbo.

— E vou ficar ainda mais bêbado.

Agora ele estudava Mary Ashley, sentada no outro lado de sua mesa.

Ela também estava estudando Stickley. Havia algo mesquinho naquele homem. Eu não gostaria de tê-lo como meu inimigo, pensou Mary.

— Sabe que está sendo enviada para um posto extremamente delicado, senhora Ashley?

— Claro. Eu...

— Nosso último embaixador na Romênia deu um passo errado e todo o relacionamento explodiu na nossa cara. Levamos três anos para voltar a abrir a porta. O presidente seria doido se estragasse tudo outra vez.

Se eu estragasse, é o que ele está querendo dizer, pensou Mary.

— Teremos de transformá-la numa especialista em assuntos romenos de um momento para o outro. Não temos muito tempo. — Entregou a Mary diversas pastas de arquivo. — Pode começar pela leitura desses relatórios.

— Dedicarei a manhã a isso.

— Não será possível. Dentro de trinta minutos deverá iniciar um curso de romeno. Geralmente leva-se meses para aprender a língua, mas tenho ordens para acelerar o processo.

O tempo tornou-se uma coisa indefinida, um turbilhão de atividade que deixava Mary exausta. Todas as manhãs ela e Stickley verificavam juntos os despachos diários do setor romeno.

— Lerei as mensagens que você enviar — informou Stickley. — Serão cópias amarelas para ação ou cópias brancas para informação. Duplicatas de seus despachos irão para os Departamentos de Defesa e Tesouro, CIA, USIA e uma dúzia de outros órgãos do governo. Um dos primeiros problemas para os quais se espera solução é dos americanos que se encontram em prisões romenas. Queremos que sejam libertados.

— De que foram acusados?

— Espionagem, tráfico de tóxicos, roubo... qualquer coisa de que os romenos quiseram acusá-los.

Mary se perguntou como seria possível revogar uma acusação de espionagem. Encontrarei um jeito.

— Certo — disse ela, incisiva.

— Não se esqueça... a Romênia é um dos países mais independentes da Cortina de Ferro. Temos de estimular essa atitude.

— Exatamente.

— Vou lhe entregar um pacote — acrescentou Stickley. — Não pode sair de suas mãos. E é a única pessoa que pode tomar conhecimento. Depois que ler e digerir, quero que me devolva, pessoalmente, amanhã de manhã. Alguma pergunta?