Выбрать главу

As compras se prolongaram por três dias. Quando acabaram, Helen Moody estudou Mary Ashley e declarou:

— Você é uma mulher bonita, mas acho que podemos melhorá-la ainda mais. Quero que procure Susan no Rain-bow para a maquilagem e depois eu a mandarei ao Billy no Sunshine para cuidar dos cabelos.

Poucas noites depois Mary encontrou com Stanton Rogers num jantar formal oferecido na Corcoran Gallery. Ele contemplou-a e sorriu.

— Você está absolutamente deslumbrante.

A blitz dos meios de comunicação começou. Foi comandada por Ian Villiers, assessor de imprensa do Departamento de Estado. Villiers tinha quarenta e tantos anos e era um dinâmico ex-jornalista que parecia conhecer todo mundo nos meios de comunicação.

Mary descobriu-se na frente das câmaras de Good morning, America, Meet the press e Firing line. Foi entrevista por The Washington Post, The New York Times e meia dúzia de outros importantes jornais diários. Concedeu entrevistas ainda ao London Times, Der Spiegel, Oggi e Le Monde. As revistas Time e People apresentaram reportagens sobre ela e os filhos. A fotografia de Mary Ashley parecia estar em toda parte. Sempre que acontecia alguma coisa que era notícia no outro lado do mundo, alguém da imprensa pedia seus comentários a respeito. Da noite para o dia, Mary Ashley e os filhos tornaram-se celebridades. Tim comentou:

— Mamãe, é fantástico ver as nossas fotografias nas capas de todas as revistas.

— Fantástico é mesmo a palavra — concordou Mary. Mas ela se sentia constrangida com toda a publicidade, e falou a respeito com Stanton Rogers.

— Considere como uma parte de seu cargo. O presidente está tentando criar uma imagem. Quando você chegar na Europa, todo mundo saberá quem você é.

Ben Cohn e Akiko estavam na cama, nus. Akiko era uma adorável japonesa, dez anos mais moça do que o repórter. Haviam se conhecido alguns anos antes, quando ele fazia uma matéria sobre modelos, e estavam juntos desde então. Cohn estava com um problema.

— O que há com você, meu bem? — indagou Akiko, suavemente. — Quer que eu trabalhe nele mais um pouco?

Os pensamentos de Cohn estavam longe dali.

— Não precisa. Já estou com o maior tesão.

— Não estou vendo — zombou Akiko.

— É na minha mente, Akiko. Estou com tesão por uma história. Há alguma coisa esquisita acontecendo nesta cidade.

— E qual é a novidade nisso?

— Agora é diferente. E não consigo entender.

— Quer falar sobre isso?

— É Mary Ashley. Eu a vi nas capas de seis revistas nas duas últimas semanas e ela ainda nem assumiu o posto! Akiko, alguém está dando uma projeção de estrela de cinema à senhora Ashley. E os dois filhos aparecem em todos os jornais e revistas. Por quê?

— E eu é que deveria ter a tortuosa mente oriental. Acho que você está complicando o que é muito simples.

Ben Cohn acendeu um cigarro e deu uma tragada furiosa.

— Talvez você tenha razão, Akiko. Ela se inclinou e acariciou-o.

— Que tal apagar esse cigarro e me acender...?

— Está havendo uma festa em homenagem ao vice-presidente Bradford — Stanton Rogers informou a Mary.

— Providenciei para que você fosse convidada. Será na noite de sexta-feira, na União Pan-Americana.

A União Pan-Americana era um prédio grande e sóbrio, com um enorme pátio, usado com freqüência para funções diplomáticas. O jantar para o vice-presidente foi requintado, com pratarias antigas e reluzentes copos de cristal Baccarat nas mesas. Havia uma pequena orquestra. A lista de convidados era formada pela elite da capital americana.

Além do vice-presidente e esposa, lá estavam senadores, embaixadores e celebridades de todos os setores da vida.

Mary correu os olhos pela fascinante reunião. Devo me lembrar de tudo, a fim de contar a Beth e Tim, pensou.

Quando o jantar foi anunciado, Mary descobriu-se a uma mesa com uma interessante mistura de senadores, altos funcionários do Departamento de Estado e diplomatas. As pessoas eram encantadoras, e o jantar estava excelente.

Às onze horas, Mary olhou para o relógio e disse ao senador à sua direita:

— Não sabia que já era tão tarde. Prometi às crianças que voltaria cedo.

Ela se levantou e acenou com a cabeça para as pessoas sentadas à sua mesa.

— Foi maravilhoso conhecer todos vocês. Boa noite. Houve um silêncio aturdido, e todos no vasto salão de

banquete se viraram para observar Mary atravessar a pista de dança e sair.

— Oh, Deus! — murmurou Stanton Rogers. — Ninguém avisou a ela!

Stanton Rogers foi tomar o café da manhã com Mary na manhã seguinte.

— Mary, esta é uma cidade que leva as regras muito a sério. Muitas são estúpidas, mas temos de viver de acordo com elas.

— Mas o que foi que eu fiz? Ele suspirou.

— Você violou a regra número um: Ninguém, absolutamente ninguém, jamais se retira de uma festa antes do convidado de honra. E ontem à noite o convidado de honra era o vice-presidente dos Estados Unidos.

— Meu Deus!

— Metade dos telefones de Washington está tocando sem parar.

— Sinto muito, Stan. Eu não sabia. De qualquer forma, prometi às crianças...

— Não há crianças em Washington... apenas jovens eleitores. Esta cidade funciona em torno do poder. Jamais se esqueça disso.

O dinheiro estava se tornando um problema. As despesas eram enormes. O preço de tudo em Washington parecia a Mary um absurdo. Ela entregou ao serviço do hotel algumas roupas para lavar e passar e ficou chocada quando recebeu as notas.

— Cinco dólares e meio para lavar uma blusa! — exclamou. — E um dólar e 95 por um sutiã!

Nunca mais, prometeu a si mesma. Daqui por diante, lavarei minhas roupas pessoalmente.

Ela encharcava a meia-calça em água fria e depois colocava no congelador. Durava muito mais assim. Lavava as meias, lenços e roupas de baixo das crianças, assim como seus sutiãs, na pia do banheiro. Abria os lenços no espelho para secar e depois dobrava com todo cuidado, a fim de não precisar passar. Fazia uma lavagem a vapor de seus vestidos e das calças de Tim pendurando-os no ferro da cortina do chuveiro, abrindo a água quente ao máximo e fechando a porta do banheiro. Uma manhã, quando abriu a porta do banheiro, Beth foi envolvida por uma nuvem de vapor.

— O que está fazendo, mamãe?

— Poupando dinheiro — respondeu Mary, altiva. — A lavanderia cobra uma fortuna.

— E se o presidente entrasse aqui neste momento? O que ele acharia? Pensaria que somos caipiras.

— O presidente não vai entrar. E feche a porta do banheiro, por favor. Está desperdiçando dinheiro.

Caipiras coisa nenhuma! Se o presidente entrasse e visse o que ela estava fazendo, certamente ficaria orgulhoso de sua iniciativa. Ela mostraria os preços da lavanderia do hotel e explicaria como estava poupando dinheiro com um pouco da engenhosidade ianque. Ele ficaria impressionado. "Se mais pessoas no governo tivessem a sua imaginação, senhora embaixadora, a economia deste país estaria em condições muito melhores. Perdemos o espírito pioneiro que tornou este país grande. Nosso povo se tornou mole. Confiamos demais nos aparelhos eletrodomésticos que ganham tempo e não o suficiente em nós mesmos. Eu gostaria de usá-la como um exemplo extraordinário para alguns dos perdulários de Washington que pensam que este pais é feito de dinheiro. Poderia ensinar a todos uma boa lição. Para dizer a verdade, tenho uma idéia maravilhosa. Mary Ashley, vou nomeá-la secretária do Tesouro."