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— Oi para todos. Estão se divertindo?

Ela nunca se sentira tão feliz em toda a sua vida. Todos na sala eram amigos. Todos lhe sorriam. Alguns estavam até rindo. Ela olhou para James Stickley e sorriu.

— É uma grande festa. Estou feliz por todos terem vindo. — Ela arriou na cadeira e virou-se para Olaf Peterson. — Puseram alguma coisa em meu vinho.

Ele apertou-lhe a mão.

— Acho que você precisa de um pouco de ar fresco. Está muito abafado aqui.

— Tem razão, está abafado mesmo. Para dizer a verdade, estou me sentindo um pouco tonta.

— Deixe-me levá-la para fora.

Ele ajudou-a a se levantar. Mary descobriu, surpresa, que tinha alguma dificuldade para andar. James Stickley estava absorvido numa conversa compenetrada com seu vizinho à mesa e não viu Mary se retirar. Ela e Olaf Peterson passaram pela mesa de Mike Slade, que a observava com o rosto franzido, numa expressão de desaprovação.

Ele está com inveja, pensou Mary. Não pediram a ele para fazer um discurso. Ela disse a Peterson:

— Sabe qual é o problema dele, não é? Ele quer ser embaixador. Não suporta que eu tenha sido designada para o posto.

— De quem está falando?

— Não importa. Ele não tem a menor importância. Os dois saíram para o ar frio da noite. Mary sentia-se

grata pelo apoio do braço de Peterson. Tudo parecia enevoado.

— Tenho uma limusine em algum lugar por aqui — murmurou Mary.

— Vamos despachá-la — sugeriu Olaf Peterson. — Iremos para o meu apartamento e tomaremos um drinque.

— Chega de vinho.

— Claro. Apenas um pouco de conhaque para assentar seu estômago.

Conhaque. Nos livros, todas as pessoas sofisticadas be-biam conhaque. Conhaque e soda. Era um drinque ao estilo Cary Grant.

— Com soda?

— Claro.

Olaf Peterson ajudou Mary a entrar num táxi e deu o endereço ao motorista. Quando pararam, na frente de um enorme prédio de apartamentos, Mary olhou surpresa para Peterson.

— Onde estamos?

— Em casa.

Ele amparou Mary na saída do táxi, segurando-a quando ela começou a cair.

— Estou bêbada? — indagou Mary.

— Claro que não.

— Estou me sentindo meio esquisita.

Peterson levou-a pelo saguão do prédio e apertou o botão, chamando o elevador.

— Um pouco de conhaque dará um jeito em você. Entraram no elevador e ele apertou o botão do andar.

— Sabia que sou uma... uma abstêmia?

— Não, não sabia.

— Pois sou.

Peter acariciava o braço nu de Mary. A porta se abriu e Peterson ajudou Mary a sair do elevador.

— Alguém já disse que seu andar é todo irregular?

— Mandarei consertar — prometeu Peterson.

Ele amparou-a com uma das mãos, enquanto com a outra tirava do bolso a chave do apartamento e abria a porta. Entraram. O apartamento estava na semi-escuridão.

— Está escuro aqui — balbuciou Mary. Olaf Peterson abraçou-a.

— Gosto do escuro. Você não gosta? Ela gostava? Não tinha certeza.

— Sabia que é uma linda mulher?

— Obrigada. Você é um lindo homem.

Ele conduziu-a para o sofá e sentou-a. Mary sentia-se completamente tonta. Os lábios de Peterson comprimiram-se contra os seus e ela sentiu uma mão subir por sua coxa.

— O que está fazendo?

— Basta relaxar, querida. Vai ser maravilhoso.

E a sensação era mesmo maravilhosa. As mãos dele eram muito gentis, como as de Edward.

— Ele era um médico maravilhoso — disse Mary.

— Tenho certeza que era.

Peterson comprimiu o corpo contra o dela.

— É a verdade. Sempre que alguém precisava de uma operação, pedia por Edward.

Ela estava estendida no sofá, de costas, mãos suaves haviam levantado o vestido e a acariciavam. As mãos de Edward. Mary fechou os olhos e sentiu os lábios descendo por seu corpo — lábios suaves, uma língua gentil. Edward tinha uma língua tão gentil... Era a felicidade. E ela queria que nunca parasse.

— É tão gostoso, meu querido — murmurou ela. — Por favor, quero que me possua agora.

— É para já!

A voz era rouca. Subitamente áspera. Não era absolutamente a voz de Edward.

Mary abriu os olhos e deparou com o rosto de um estranho. E gritou, enquanto sentia o homem começar a penetrá-la:

— Não! Pare!

Ela saiu de baixo dele e caiu no chão. Levantou-se cambaleando. Olaf Peterson fitava-a com expressão aturdida.

— Mas...

— Não!

Mary correu os olhos pelo apartamento.

— Sinto muito — disse ela. — Cometi um erro. Não quero que pense que eu...

Ela se virou e correu para a porta.

— Espere! Deixe-me pelo menos levá-la em casa! Mas Mary já tinha ido embora.

Ela foi andando pelas ruas desertas, encolhendo-se contra o vento gelado, dominada por uma profunda e angustiante mortificação. Não havia explicação para o que fizera. E não havia desculpa. Desgraçara a sua posição. E de que maneira estúpida! Embriagara-se na frente da metade do corpo diplomático de Washington, fora para o apartamento de um estranho e quase permitira que ele a seduzisse. Pela manhã seria o alvo das zombarias de todos os colunistas sociais de Washington.

Ben Cohn soube da história através de três pessoas que haviam comparecido ao jantar na embaixada romena. Procurou a notícia nas colunas dos jornais de Washington e Nova York. Não havia qualquer alusão ao incidente. Alguém abafara a história. E só podia ser alguém muito importante.

Cohn sentou no pequeno cubículo que o jornal chamava de sala, pensando. Ligou para Ian Villiers.

— O senhor Villiers está?

— Está, sim. Quem deseja falar?

— Ben Cohn.

— Um momento, por favor. — Ela voltou à linha um minuto depois. — Lamento muito, senhor Cohn, mas o senhor Villiers acaba de sair.

— Quando posso falar com ele?

— Creio que ele está com o dia inteiro ocupado.

— Está bem.

Cohn desligou e telefonou para uma colunista de outro jornal. Nada acontecia em Washington sem que ela soubesse.

— Como vai a batalha diária, Linda?

— Plus ça change, plus c'est la même chose.

— Está acontecendo alguma coisa emocionante neste balneário deslumbrante?

— Nada demais, Ben. Anda tudo parado.

— Ouvi dizer que houve uma grande confusão na embaixada romena ontem à noite.

— É mesmo?

Havia uma súbita cautela na voz da colunista.

— É, sim. Não teve qualquer notícia sobre a nossa nova embaixadora na Romênia?

— Não. Preciso desligar agora, Ben. Tenho de atender uma ligação internacional.

E o telefone ficou mudo.

Ben Cohn ligou para um amigo no Departamento de Estado. Quando a secretária completou a ligação, ele disse:

— Olá, Alfred.

— Benjie! Quais são as novidades?

— Há muito tempo que nào nos encontramos. Pensei que poderíamos almoçar juntos.

— Boa idéia. Em que está trabalhando?

— Por que não espera para ouvir até nos encontrarmos pessoalmente?

— Está certo. Não tenho muitos compromissos hoje. Vamos nos encontrar no Watergate?

Ben Cohn hesitou.

— Por que não almoçamos no Mama Regina's, em Silver Springs?

— Não acha que é um pouco longe?

— Acho. Houve uma pausa.

— Ahn...

— Uma hora da tarde?

— Combinado.

Ben Cohn estava sentado a uma mesa no canto quando chegou seu convidado, Alfred Shuttleworth. O dono do restaurante, Tony Sergio, conduziu-o à mesa.

— Desejam um drinque, senhores? Shuttleworth pediu um martini.

— Eu não quero nada — respondeu Ben Cohn.