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Foi um trabalho de poucos minutos substituir as seis lâmpadas na sala de estar. Depois, Angel seguiu direto para o Aeroporto Dulles, a fim de pegar o vôo de meia-noite para Buenos Aires.

Fora um dia comprido para Ben Cohn. Cobrira pela manhã a entrevista coletiva do secretário de Estado, fora ao almoço oferecido ao secretário de Interior que se aposentava e ainda obtivera informações confidenciais de um amigo do Departamento de Defesa. Passara em casa para tomar um banho de chuveiro e trocar de roupa, depois fora jantar com um editor sênior do Post. Já era quase meia-noite quando voltou para casa. Tenho de preparar as anotações para o encontro amanhã com a embaixadora Ashley, pensou Ben.

Akiko não estava na cidade e só voltaria no dia seguinte. Ainda bem. Posso aproveitar para descansar. Mas não resta a menor dúvida de que aquela mulher sabe comer uma banana split, pensou ele, sorrindo.

Enfiou a chave na porta do apartamento e abriu-a. Estava tudo escuro lá dentro. Ele estendeu a mão para o interruptor e o premiu. Houve um súbito clarão, e a sala explodiu como uma bomba atômica; fragmentos de seu corpo foram arremessados para as quatro paredes.

No dia seguinte a esposa de Alfred Shuttleworth comunicou que ele desaparecera. O corpo nunca foi encontrado.

17

— Acabamos de receber o comunicado oficial — anunciou Stanton Rogers. — O governo romeno aprovou-a como a nova embaixadora dos Estados Unidos.

Foi um dos momentos mais emocionantes da vida de Mary Ashley. Vovô teria ficado muito orgulhoso.

— Eu queria lhe dar a notícia pessoalmente, Mary. O presidente gostaria de vê-la. Eu a levarei à Casa Branca.

— Eu... eu não sei como lhe agradecer por tudo o que tem feito, Stan.

— Não fiz nada — protestou Rogers. — Foi o presidente que a escolheu. — Ele sorriu. — E devo dizer que fez uma escolha perfeita.

Mary pensou em Mike Slade.

— Há algumas pessoas que não concordam.

— Pois estão erradas. Você pode fazer mais por nosso país na Romênia do que qualquer outra pessoa que conheço.

— Obrigada. Tentarei corresponder às suas expectativas.

Ela sentiu-se tentada a levantar o problema de Mike Slade. Afinal, Stanton Rogers tinha muito poder. Talvez ele pudesse dar um jeito para que Slade permanecesse em Washington. Não, decidiu Mary. Não devo exigir demais de Stan. Ele já fez muita coisa.

— Tenho uma sugestão a fazer. Em vez de voarem direto para Bucareste, por que você e as crianças não passam antes alguns dias em Paris e Roma? A Tarom Airlines tem um vôo direto de Roma para Bucareste.

Ela fitou-o aturdida por um instante.

— Oh, Stan, isso seria o paraíso! Mas será que eu teria tempo?

Ele piscou um olho.

— Tenho amigos lá no alto. Tentarei dar um jeito. Impulsivamente, Mary abraçou-o. Ele se tornara um

amigo muito querido. Os sonhos de que ela e Edward haviam falado tantas vezes se convertiam em realidade. Mas sem Edward. Era um pensamento agridoce.

Mary e Stanton Rogers foram introduzidos na Sala Verde, onde o presidente Ellison os aguardava.

— Quero pedir desculpas pela demora em acertar tudo, Mary. Stanton já lhe disse que foi aprovada pelo governo romeno. Aqui estão suas credenciais.

O presidente entregou-lhe uma carta. Mary leu devagar:

A senhora Mary Ashley é por meio deste documento designada Representante do presidente dos Estados Unidos na Romênia e todos os funcionários do governo dos Estados Unidos nesse país estão sob a sua autoridade.

— Isto vai junto.

O presidente entregou um passaporte a Mary. Tinha a capa preta, em vez da azul habitual. Na frente, em letras douradas, estava escrito passaporte diplomático.

Mary estava esperando por aquilo há semanas, mas agora que o momento chegara mal podia acreditar.

Paris!

Roma!

Bucareste!

Parecia quase bom demais para ser verdade. E sem nenhuma razão, uma coisa que a mãe de Mary costumava dizer aflorou em sua mente: Se alguma coisa parece boa demais para ser verdade, Mary, então provavelmente é mesmo verdade.

Houve uma pequena notícia nos jornais da tarde, informando que o repórter Ben Cohn, do Washington Post, morrera numa explosão de gás em seu apartamento. A explosão foi atribuída a um vazamento do fogão,

Mary não leu a notícia. Quando Ben Cohn não apareceu para o encontro, ela chegou à conclusão de que o repórter esquecera ou então não estava mais interessado. Voltou ao escritório e retomou o trabalho.

O relacionamento entre Mary e Mike Slade tornava-se cada vez mais irritante para ela. Ele é o homem mais arrogante que já conheci, pensou Mary. Terei de falar com Stan a seu respeito.

Stanton Rogers acompanhou Mary e as crianças ao Aeroporto Dulles, numa limusine do Departamento de Estado. Durante a viagem, Stanton disse:

— As embaixadas em Paris e Roma já foram avisadas de sua chegada. Providenciarão para que os três sejam bem cuidados.

— Obrigada, Stan. Você tem sido maravilhoso. Ele sorriu.

— Não tenho palavras para descrever quanto prazer isso me proporcionou.

— Posso ver as catacumbas em Roma? — perguntou Tim.

Stanton advertiu:

— Lá embaixo é assustador, Tim.

— É por isso mesmo que quero ver.

No aeroporto, Ian Villiers estava à espera, com uma dúzia de fotógrafos e repórteres. Eles cercaram Mary, Beth e Tim, e fizeram as perguntas habituais. Depois de algum tempo, Stanton Rogers interferiu:

— Já chega.

Dois homens do Departamento de Estado e um representante da companhia aérea levaram o grupo para uma sala de espera particular. As crianças foram para a banca de revistas. Mary disse:

— Detesto sobrecarregá-lo com mais um problema, Stan, mas James Stickley disse que Mike Slade será meu subchefe da missão. Não há um jeito de mudar isso?

Ele fitou-a com expressão de surpresa.

— Está tendo algum problema com Slade?

— Para ser sincera, não gosto dele. E não confio nele... não sei explicar por quê. Não há alguém que possa substituí-lo?

Stanton Rogers disse, com um ar pensativo:

— Não conheço Mike Slade muito bem, mas sei que ele tem uma ficha excelente. Serviu de maneira brilhante em postos no Oriente Médio e Europa. Pode lhe proporcionar exatamente o tipo de experiência de que precisa.

Mary suspirou.

— Foi o que o senhor Stickley disse.

— Lamento, Mary, mas terá de ficar com ele. Slade é um solucionador de problemas.

Errado, pensou Mary. Slade é o problema em pessoa. E ponto final.

— Se tiver algum problema com ele, quero que me avise. Mais do que isso, se tiver problemas com qualquer pessoa, quero que me comunique imediatamente. Providenciarei para que receba toda ajuda que for possível.

— Fico agradecida.

— Só mais uma coisa. Sabia que todos os comunicados serão copiados e enviados para diversos departamentos em Washington?

— Sabia.

— Se tiver alguma mensagem que queira me enviar sem que ninguém mais leia, o código no alto da página é três xis. Serei então o único a receber a mensagem.

— Não esquecerei.

O Aeroporto Charles de Gaulle parecia algo saído da ficção científica, um caleidoscópio de colunas de pedra e o que pareceu a Mary centenas de escadas rolantes funcionando desenfreadas. O aeroporto estava apinhado de viajantes.