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— Fiquem perto de mim, crianças — ordenou Mary. Quando saíram da escada rolante, ela olhou ao redor,

desamparada. Parou um francês que passava e perguntou, hesitante, recorrendo às poucas palavras de francês de que podia se lembrar:

— Pardon, monsieur, ou sont les baggages?

O homem respondeu implacável, com um forte sotaque francês:

— Desculpe, madame, mas não falo inglês.

E se afastou, deixando Mary a fitá-lo completamente atordoada. Nesse momento um jovem americano bem vestido aproximou-se de Mary e das crianças.

— Perdoe-me, senhora embaixadora! Recebi instruções para encontrá-la no avião, mas fui atrasado por um acidente de tráfego. Meu nome é Peter Callas. Sou da embaixada americana.

— Não pode imaginar como fico contente por vê-lo.

Estou me sentindo completamente perdida. — Mary apresentou as crianças. — Onde encontramos a bagagem?

— Não se preocupe — disse Peter Callas. — Cuidarei de tudo.

Ele cumpriu a palavra. Quinze minutos depois, enquanto os outros passageiros começavam a passar pela alfândega e pelo controle de passaporte, Mary, Beth e Tim se encaminhavam para a saída do aeroporto.

O Inspetor Henri Durand, diretor-geral da Segurança Externa, a agência de informações francesa, observou-os entrarem na limusine à espera. Depois que o carro se afastou, o inspetor foi até uma fileira de cabines telefônicas e entrou numa. Fechou a porta, inseriu um jeton e discou. Quando uma voz atendeu, ele disse:

— S'il vous plaît, dites à Thor que son paquet est arrivé en Paris.

A imprensa francesa esperava em massa quando a limusine parou na frente da embaixada americana. Peter Callas, contemplando a cena pela janela do carro, murmurou:

— Puxa, parece um motim!

O embaixador americano na França, Hugh Simon, aguardava-os lá dentro. Era um texano de meia-idade, com olhos inquisitivos num rosto redondo, encimado por uma cabeleira ruiva.

— Todos estão ansiosos em conhecê-la, senhora embaixadora. A imprensa está em cima de mim desde a manhã.

A entrevista coletiva de Mary prolongou-se por mais de uma hora. Ela estava exausta quando acabou. Foi levada para o gabinete do embaixador Simon, junto com as crianças.

— Estou contente que tenha acabado. Quando cheguei aqui para assumir o posto, acho que recebi apenas um parágrafo na última página do Le Monde. — Ele sorriu. — Claro que nào sou tào atraente quanto você.

O embaixador fez uma pausa, lembrando-se de alguma coisa.

— Recebi um telefonema de Stanton Rogers. Tenho instruções expressas da Casa Branca para providenciar que você, Beth e Tim se divirtam ao máximo durante a permanência em Paris.

— Instruções expressas? — indagou Tim. O embaixador Simon acenou com a cabeça.

— Exatamente. Ele gosta muito de vocês.

— Nós também gostamos dele — comentou Mary.

— Reservei uma suíte no Ritz. É um excelente hotel, junto à Place de Ia Concorde. Tenho certeza de que ficarão bem instalados.

— Obrigada. — Um momento de hesitação e Mary acrescentou, um pouco nervosa: — É muito caro?

— É, sim... mas não para você. Stanton Rogers providenciou para que o Departamento de Estado arque com todas as despesas.

— Ele é incrível — murmurou Mary.

— Segundo ele, você também é.

Os jornais da tarde e da noite publicaram notícias grandes sobre a chegada da primeira embaixadora do presidente dos Estados Unidos em seu programa povo-para-povo. O assunto recebeu ainda uma ampla cobertura dos noticiários noturnos da televisão e dos jornais da manhã seguinte.

O inspetor Durand contemplou a pilha de jornais e sorriu. Tudo estava correndo de acordo com o planejado. A projeção estava ainda melhor do que o previsto. Podia determinar o itinerário de Ashley durante os três dias seguintes. Eles visitarão todos os pontos turísticos sem sentido que os americanos gostam de ver, pensou.

Mary e as crianças almoçaram no restaurante Jules Verne, na Torre Eiffel, e depois foram visitar o Arco do Triunfo.

Passaram a manha seguinte conhecendo os tesouros do Louvre, almoçaram perto de VersaiUes e jantaram no Tour d'Argent.

Tim olhou pela janela do restaurante, para a Notre Dame e perguntou:

— Onde eles guardam o corcunda?

Cada momento em Paris foi uma alegria. Mary não parava de pensar no quanto gostaria que Edward estivesse ali.

No dia seguinte, depois do almoço, eles foram levados de carro para o aeroporto. O inspetor Durand observava quando se apresentaram para o vôo para Roma.

A mulher é atraente pode-se dizer até que adorável. Um rosto inteligente. Corpo bonito, pernas bem torneadas, um lindo traseiro. Fico imaginando como será ela na cama. As crianças foram uma surpresa. Bem-comportadas para americanos.

Assim que o avião decolou, o inspetor Durand foi a uma cabine telefônica.

— S'il vous plaît, dites à Thor que son paquet est en route à Rome.

Em Roma, os paparazzi esperavam no Aeroporto Leonardo da Vinci. Ao desembarcarem, Tim disse:

— Olhe, mamãe, eles nos seguiram!

Mary teve mesmo a impressão de que a única diferença estava no sotaque italiano. A primeira pergunta que os repórteres italianos lhe fizeram foi a seguinte:

— O que está achando da Itália?

O embaixador Oscar Viner ficou tão perplexo quanto o embaixador Simon já ficara.

— Frank Sinatra não teve uma recepção tão grande. Existe alguma coisa a seu respeito que eu ignore, senhora embaixadora?

— Acho que posso explicar — respondeu Mary. — Não é em mim que a imprensa está interessada, mas sim no programa povo-para-povo do presidente. Teremos em breve representantes em todos os países da Cortina de Ferro. Será um passo enorme pela paz. Acho que é isso que atrai tanto a imprensa.

Depois de um momento de reflexão, o embaixador Vi-ner disse:

— Muita coisa depende de você, não é?

O capitão Caesar Barzini, chefe da polícia secreta italiana, também foi capaz de prever acuradamente os lugares que Mary e seus filhos visitariam durante a breve estada em Roma.

O capitão destacou dois homens para vigiarem os Ashley, e quando eles apresentavam o relatório, ao final de cada dia, era exatamente o que previra.

— Eles tomaram sorvete no Doney's, passearam pela Via Veneto e visitaram o Coliseu.

— Foram à Fonte de Trevi e jogaram moedas,

— Visitaram as Termas de Caracalla e depois as catacumbas. O garoto passou mal e foi levado de volta ao hotel.

— Passearam de carruagem pelo Parque Borghese e a pé pela Piazza Navona.

Divirtam-se, pensou o capitão Barzini, sardonicamente.

O embaixador Viner acompanhou Mary e as crianças ao aeroporto.

— Tenho uma bolsa diplomática para a embaixada na Romênia. Importa-se de levar junto com sua bagagem?

— Claro que não — respondeu Mary.

O capitão Barzini estava no aeroporto para observar o embarque da família Ashley no avião da Tarom Airlines que a levaria a Bucareste. Ele ficou até o avião decolar e depois deu um telefonema.

— Ho un messaggio per Balder. Il suo pacco è in via a Bucharest.

Só depois que o avião estava no ar é que a enormidade do que estava prestes a acontecer atingiu Mary Ashley. Era tão incrível que ela teve de dizer em voz alta:

— Estamos a caminho da Romênia, onde vou assumir meu posto como embaixadora dos Estados Unidos.

Beth fitava-a com expressão estranha.

— É verdade, mamãe. Sabemos disso. É o motivo pelo qual estamos aqui.

Mas como Mary podia explicar sua excitação aos filhos?