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— Não. Não nego nada, mas é melhor você ouvir toda a história de um amigo meu. — Ele virou para a porta de sua sala. — Entre, Bill.

O coronel McKinney entrou na sala.

— Acho que está na hora de termos uma longa conversa, senhora embaixadora...

Na embaixada, a pessoa de macacão estava enchendo os balões sob a vigilância atenta do cabo dos fuzileiros.

Puxa, mas que coisa mais feia!, pensou o cabo.

Ele não podia compreender por que os balões brancos eram enchidos de um cilindro, os vermelhos de outro e os azuis do terceiro. Por que não usar cada cilindro até ficar vazio?, especulou o cabo. Sentiu-se tentado a perguntar, mas não queria iniciar uma conversa. Não com uma pessoa assim.

Através da porta aberta que dava para o salão de baile, o cabo podia ver as bandejas de hors d'oeuvres sendo trazidas da cozinha e arrumadas em mesas nos lados da sala. Vai ser uma festa e tanto, pensou o cabo.

Mary estava sentada em sua sala, de frente para Mike Slade e o coronel McKinney.

— Vamos começar pelo início — disse o coronel McKinney. — No dia da posse, quando anunciou que queria relações abertas com cada país da Cortina de Ferro, o presidente explodiu uma bomba. Há uma facção em nosso governo convencida de que os comunistas nos destruirão se nos envolvermos demais com a Romênia, Rússia, Bulgária, Albânia, Tchecoslováquia e os outros. No outro lado da Cortina de Ferro há comunistas que acreditam que o plano do presidente não passa de uma armadilha... um cavalo de Tróia para infiltrar nossos espiões capitalistas em seus países. Um grupo de homens poderosos dos dois lados formara uma aliança supersecreta chamada Patriotas pela Liberdade. Eles concluíram que a única maneira de destruir o plano do presidente era deixar que fosse iniciado e depois sabotá-lo, de uma maneira tão dramática que nunca mais seria tentado. Foi nesse ponto que você entrou em cena.

— Mas por que logo eu? Por que fui escolhida?

— Porque a embalagem era importante — explicou Mike. — Você era perfeita. Uma mulher linda e simpática, a americana média, com dois filhos maravilhosos... só faltava um cachorro maravilhoso c um gato maravilhoso. Era exatamente a imagem que eles precisavam... a embaixadora irresistível... a madame América, com dois filhos deslumbrantes. Estavam determinados a tê-la de qualquer maneira. Quando seu marido se interpôs, eles o assassinaram, dando a impressão de que fora um acidente, a fim de você não ficar desconfiada e recusar o posto.

— Santo Deus!

O horror do que Mike Slade estava dizendo era aterrador.

— A etapa seguinte foi a sua projeção. Através de sua rede, eles usaram suas ligações com a imprensa no mundo inteiro e providenciaram para que se tornasse a favorita de todos. Não havia quem não estivesse torcendo por você. Era a mulher linda que levaria o mundo pelo caminho da paz.

— E... e agora?

A voz de Mike tornou-se mais genticlass="underline"

— O plano é assassinar você e as crianças da maneira mais pública e chocante que for possível... deixando o mundo tão horrorizado que todos desistiriam de aprofundar as idéias de déteníe.

Mary estava num silêncio atordoado.

— O caso está descrito de maneira rude, mas acurada — disse o coronel McKinney. — Mike é da CIA. Depois que seu marido e Marin Groza foram assassinados, Mike começou a investigar os Patriotas pela Liberdade. Eles pensaram que Mike estava do seu lado e o convidaram a aderir. Conversamos a respeito com o presidente Ellison, que deu sua aprovação. O presidente tem sido informado de tudo. Sua maior preocupação era a sua proteção e a das crianças, mas não podia falar o que sabia com você ou qualquer outra pessoa, porque Ned Tillingast, diretor da CIA, advertira-o de que havia vazamentos nos mais altos níveis.

A cabeça de Mary parecia girar. Ela disse a Mike:

— Mas... mas você tentou me matar! Ele suspirou.

— Estive tentando salvar sua vida. E não me facilitou o trabalho. Tentei por todos os meios possíveis despachá-la de volta para casa, junto com as crianças, onde estaria segura.

— Mas você me envenenou?

— Não fatalmente. Queria que ficasse bastante doente para deixar a Romênia. Nossos médicos estavam à sua espera. Eu não podia lhe contar a verdade porque você revelaria toda a operação e perderíamos a oportunidade de agarrá-los. Mesmo agora, ainda não sabemos quem criou a organização. Ele nunca comparece às reuniões. É conhecido apenas como o Controlador.

— E Louis?

— O doutor era um deles. Era o apoio de Angel. Um perito em explosivos. Destacaram-no para servir em Bucareste, a fim de poder ficar perto de você. Foi encenado um falso seqüestro e você foi salva pelo cavaleiro andante. — Ele percebeu a expressão no rosto de Mary e acrescentou: — Você estava solitária e vulnerável e eles trabalharam esses pontos fracos. Não foi a primeira a cair sob o charme do bom doutor.

Mary lembrou-se de uma coisa. O motorista sorridente. Nenhum romeno é feliz, apenas os estrangeiros. Eu detestaria que minha esposa se tornasse uma viúva. Ela disse, lentamente:

— Florian estava envolvido. Ele usou o pneu furado como um pretexto para que eu abandonasse o carro.

— Teremos de pegá-lo. Uma coisa perturbava Mary.

— Mike... por que você matou Louis?

— Não tinha opção. O ponto principal do plano deles era assassinar você e as crianças de maneira tão espetacular quanto possível, à vista do mundo inteiro. Louis sabia que eu pertencia ao comitê. Ficou desconfiado quando descobriu que era eu quem estava envenenando você. Não era assim que você deveria morrer. Tive de matá-lo antes que ele me denunciasse.

Mary escutava consternada, enquanto as peças do quebra-cabeça se ajustavam em seus lugares. O homem de quem ela desconfiara a estava envenenando para mantê-la viva, enquanto o homem que pensara amar queria guardá-la para uma morte mais dramática. Ela e os filhos haviam sido usados. Fui a vítima de Judas, pensou Mary. Todo carinho que as pessoas demonstravam era falso. O único autêntico foi Stanton Rogers. Ou será que ele também... ?

— Stanton... — murmurou Mary. — Ele também...?

— Ele a tem protegido desde o início — assegurou o coronel McKinney. — Quando pensou que Mike estava tentando matá-la, ordenou que eu o prendesse.

Mary virou-se para Mike. Ele fora enviado a Bucareste para protegê-la, e durante todo o tempo ela o considerara o inimigo. Seus pensamentos eram um verdadeiro turbilhão.

— Louis nunca teve esposa e filhas?

— Nunca.

Mary lembrou-se de uma coisa.

— Mas... pedi a Eddie Maltz para verificar e ele me disse que Louis fora casado e tivera duas filhas.

Mike e o coronel McKinney trocaram um olhar.

— Cuidaremos dele — disse McKinney. — Mandei-o para Frankfurt. Providenciarei para que o prendam.

— Quem é Angel? — perguntou Mary. Foi Mike quem respondeu:

— É um assassino da América do Sul. Provavelmente o melhor do mundo. O comitê concordou em lhe pagar cinco milhões de dólares para matar você.

Mary estava incrédula. Mike continuou:

— Sabemos que ele está em Bucareste. Normalmente estaríamos vigiando tudo... aeroportos, estradas, estações ferroviárias... mas não temos nenhuma descrição de Angel. Ninguém jamais falou diretamente com ele. Tudo é acertado por intermédio de sua amante, Neusa Muñez. Os diferentes grupos do comitê funcionam de maneira tão isolada que nunca pude descobrir quem foi designado para ajudá-lo aqui ou qual é o plano de Angel.

— O que pode impedir que ele me mate?

— Nós — respondeu o coronel McKinney. — Com a ajuda do governo romeno, estamos tomando precauções extraordinárias para a festa de hoje. Cobrimos todas as possibilidades.

— O que vai acontecer agora? — indagou Mary. Mike respondeu com muito cuidado:

— Isso depende de você. Angel recebeu a ordem de executar o contrato em sua festa esta noite. Temos certeza de que podemos apanhá-lo, mas se você e as crianças não estiverem na festa...