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─ Vamos, menino, arregace as mangas!

E ficava em cima dele até que tivesse solucionado o problema. Quanto mais severa Frieda era com Toby, mais ele a amava. Tremia diante da idéia de aborrecê-la. Castigava com prontidão, raramente elogiava, mas sentia que o fazia para o bem de Toby. Desde o primeiro momento em que o filho fora posto em seus braços, Frieda soubera que um dia ele se tornaria um homem famoso e importante. Não sabia como ou quando, mas sabia que aconteceria. Era como se Deus o tivesse dito baixinho ao seu ouvido. Antes mesmo que o menino tivesse idade suficiente para compreender o que estava dizendo, Frieda sempre lhe falava de sua grandeza que estava por vir. E assim o jovem Toby cresceu sabendo que iria ser famoso, mas sem ter nenhuma idéia de como ou quando. Sabia apenas que sua mãe nunca se enganava.

Alguns dos momentos mais felizes da vida de Toby eram os que passava sentado na enorme cozinha, fazendo os deveres de casa, enquanto a mãe cozinhava no grande fogão antigo. Fazia uma sopa de feijão-preto bem grossa, com um cheiro divino e com linguiças inteiras flutuando, travessas suculentas de Bratwurst e panquecas de batata com as beiradas fofas parecendo uma renda marrom. Ou então ficava de pé diante da larga bancada no meio da cozinha, preparando massa com suas mãos grossas e fortes, e depois polvilhando-a com uma neve suave de farinha, transformando por um passe de mágica a massa em Pflaumenkuchen ou Apfelkuchen. Toby ia junto dela e lançava os braços em torno do corpo pesadão, o rosto só lhe chegava até a cintura. O excitante cheiro feminino almiscarado do seu corpo se misturava a todos os cheiros excitantes da cozinha, e uma sexualidade espontânea despertava no seu íntimo. Nesses momentos teria sido capaz de morrer por ela com satisfação. Pelo resto da vida, o cheiro de maçãs frescas, cozinhando na manteiga, lhe trazia imediatamente à memória uma imagem vívida de sua mãe.

Uma tarde, quando Toby tinha doze anos, a Sra. Durkin, a fofoqueira da vizinhança, veio visitá-los. A Sra. Durkin era uma mulher de rosto ossudo, olhos negros dardejantes e uma língua que não parava nunca. Quando foi embora, Toby imitou seus trejeitos, fazendo com que sua mãe tivesse um acesso de riso. Pareceu-lhe que era a primeira vez que a ouvia rir. Daquele momento em diante, Toby estava sempre à procura de maneiras de diverti-la. Fazia imitações devastadoras de fregueses que apareciam no açougue, de professores e de colegas de turma, e a mãe ria até não poder.

Toby descobrira finalmente uma maneira de ganhar a aprovação da mãe.

Fez um teste para uma peça escolar, No Account David, e obteve o papel principal. Na noite da estréia, Frieda se sentou na primeira fila e aplaudiu o sucesso do filho. Foi naquele momento que Frieda soube como a promessa de Deus ia se tornar realidade.

Estavam no princípio dos anos 30, o começo da Depressão, e as casas de espetáculos por todo o país estavam experimentando qualquer estratagema para que as cadeiras vazias fossem ocupadas. Distribuíam refeições e rádios, promoviam noitadas de víspora e bingo, contratavam organistas para acompanhar os saltos da bolinha nos filmes enquanto a audiência acompanhava cantando.

E realizavam concursos de amadores. Frieda examinava cuidadosamente a sessão teatral do jornal para ver onde os concursos se realizavam. Então levava Toby até lá, sentava-se na platéia enquanto ele fazia imitações de Al Jolson, James Cagney e

Eddie Cantor, e gritava:

Mein Himmel! Que menino talentoso!

Toby quase sempre ganhava o primeiro prêmio.

Tinha ficado alto, mas ainda era magro, uma criança séria, de olhos azuis brilhantes e sinceros, num rosto de querubim. Olhava-se para ele e pensava-se instantaneamente: inocência. Quando as pessoas viam Toby, tinham vontade de envolve-lo nos braços, de abraçá-lo e protegê-lo da vida. Elas o amavam e no palco o aplaudiam. Pela primeira vez Toby compreendeu o que estava destinado a ser; ia ser um astro, primeiro por sua mãe, e depois por Deus.

A libido de Toby começou a dar os primeiros sinais quando ele estava com quinze anos. Ele se masturbava no banheiro, o único lugar onde tinha privacidade garantida, mas não era o bastante. Decidiu que precisava de uma garota.

Uma noite, Clara Connors, a irmã casada de um colega de turma, deu carona a Toby até em casa, depois dele ter feito uma entrega para sua mãe. Clara era uma loura bonita, de seios grandes, e quando Toby sentou-se a seu lado começou a ter uma ereção. Cheio de nervosismo, esticou a mão para o colo dela, e começou a apalpá-la debaixo da saia, pronto para recuar imediatamente se ela gritasse. Clara ficou mais excitada do que zangada, mas quando Toby puxou o pênis para fora e ela viu o seu tamanho, convidou-o para ir à sua casa na tarde seguinte e iniciou-o nos prazeres das relações sexuais. Foi uma experiência fantástica. Em vez da mão ensaboada, Toby havia encontrado um receptáculo macio e morno que se contraía e apertava seu pênis. Os gemidos e gritos de Clara fizeram-no enrijecer-se uma vez depois da outra, de maneira que ele teve um orgasmo e depois outro e outro, sem nunca deixar o ninho quente e úmido. O tamanho do seu pênis sempre tinha sido uma fonte de vergonha secreta para Toby. Agora, de repente, havia se tornado sua glória. Clara não podia guardar aquele fenômeno só para si, e logo Toby se viu atendendo a meia dúzia de mulheres casadas da vizinhança.

Durante os dois anos seguintes, conseguiu deflorar quase a metade das garotas da sua turma. Alguns de seus colegas eram heróis de futebol, ou mais bonitos do que ele, ou ricos ─ mas onde eles falhavam, Toby tinha sucesso. Era o mais engraçado, a coisa mais bonitinha que as garotas já tinham visto, e era impossível dizer não àquele rosto inocente e àqueles olhos azuis sonhadores.

No último ano na escola, Toby foi chamado ao gabinete do diretor. Na sala estavam sua mãe, furiosa, uma menina católica, de dezesseis anos, que soluçava, chamada Eileen Henegan, e o pai dela, um sargento de polícia, uniformizado. No momento que entrou na sala, soube que estava em sérios apuros.

─ Irei direto ao ponto, Toby ─ disse o diretor. ─ Eileen está grávida. Ela diz que você é o pai da criança. Você teve relações carnais com ela?

A boca de Toby ficou seca de repente. Tudo em que conseguia pensar era em quanto Eileen tinha gostado, como tinha gemido e pedido mais. E agora aquilo.

─ Responda, seu fedelho, filho de uma cadela! ─ berrou o pai de Eileen. ─ Você tocou em minha filha?

Toby olhou de esguelha para a mãe. O fato de ela estar ali, testemunhando sua vergonha, o aborrecia mais do que qualquer coisa. Ele havia falhado e a desgraçara. Ela sentiria repulsa pelo seu comportamento. Toby resolveu que se conseguisse sair daquela encrenca, se ao menos Deus o ajudasse daquela única vez e fizesse um milagre qualquer, nunca mais tocaria em outra garota enquanto vivesse. Iria direto a um médico e mandaria que o castrasse, de forma que nunca mais pensaria em sexo, e...

─ Toby... ─ sua mãe estava falando, a voz severa e fria. ─ Você foi para a cama com esta garota?

Toby engoliu em seco, respirou fundo e murmurou:

─ Sim, mamãe.

─ Então você vai casar com ela.

Ela olhou para a garota, de olhos inchados, que soluçava.

─ É isso o que você quer?

─ S-sim ─ soluçou Eileen. ─ Eu amo Toby.

Virou─se para Toby:

─ Eles me fizeram dizer. Eu não queria dizer seu nome a eles.

O pai dela, um sargento de polícia, comunicou à sala em geraclass="underline"

─ Minha filha só tem dezesseis anos. Trata-se de estupro. Ele

poderia ser mandado para a cadeia pelo resto da vida. Mas se vai se casar com ela...

Todos se viraram para olhar para Toby. Ele engoliu em seco, de novo, e disse:

─ Sim, senhor. Eu-eu sinto muito que tenha acontecido.