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─ Há muitas pessoas aqui que quero lhe apresentar.

Toby pegou-a pela mão e conduziu-a através do grande saguão até a sala de visitas. Jill parou na porta, olhando os convidados. Conhecia quase todos os rostos ali presentes; vira-os nas capas de Times, Life, Newsweek, Paris─Match, Oggi ou na tela. Esta era a verdadeira Hollywood. Eram estes os fabricantes de filmes. Jill imaginara mil vezes esse momento: estar com estas pessoas, conversar com elas. Agora a realidade estava presente, era difícil para ela aceitar que estava mesmo acontecendo.

Toby entregou-lhe uma taça de champanha. Tomou-lhe o braço e levou-a até um homem cercado por um grupo de pessoas.

─ Sam, quero lhe apresentar Jill Castle.

Sam se virou e disse amavelmente:

─ Alô, Jill Castle.

─ Jill, este é Sam Winters, chefe dos Pan-Pacific Studios.

─ Sei quem é o Sr. Winters ─ disse.

─ Jill é atriz, Sam, uma ótima atriz. Você poderia dar-lhe um papeclass="underline" um pouco de classe para sua espelunca.

─ Lembrarei disso ─ falou Sam polidamente.

Toby pegou a mão de Jill, segurando-a com firmeza.

─ Venha, meu bem. Quero apresentá-la a todos.

Antes do fim da noite, Jill conheceu três chefes de estúdios, meia dúzia de produtores importantes, três diretores, alguns autores, vários colunistas de jornais e televisão e uma dúzia de estrelas. No jantar, sentou-se à direita de Toby. Ficou ouvindo as conversas, saboreando a sensação de estar por dentro pela primeira vez.

─... o problema com esses filmes épicos é que, se um fracassa, pode acabar com o estúdio. A Fox está na corda bamba à espera do resultado de Cleópatra.

─... você já viu o último filme de Billy Wilder? Sensacional.

─ É mesmo? Gostava mais dele quando trabalhava com Brackett. Brackett tem classe.

─ Billy tem talento.

─... então, mandei o script do filme de mistério para o Peck na semana passada e ele o adorou. Disse que me dará uma resposta definitiva dentro de um ou dois dias.

─... recebi o convite para conhecer esse novo guru, Krishi Pramananda. Bom, meu caro, acontece que eu já o conheci; fui ao bar mitzvah dele.

─... o problema quanto a calcular o orçamento de um filme em dois milhões é que, quando você põe o resultado no papel, o custo da inflação, mais os malditos sindicatos, já o fizeram subir para três ou quatro.

"Milhões", pensou Jill excitada. "Três ou quatro milhões." Recordou as intermináveis e pobres conversas na Schwab's, quando os parasitas, os sobreviventes, lançavam avidamente uns para os outros migalhas de informação sobre o que faziam os estúdios. Bem, as pessoas naquelas mesas eram os verdadeiros sobreviventes, os responsáveis por tudo que acontecia em Hollywood.

Eram essas as pessoas que haviam mantido os portões fechados para ela, que se haviam recusado a dar-lhe uma chance. Qualquer um dos presentes à mesa poderia tê-la ajudado, poderia ter modificado sua vida, mas nenhum dispusera de cinco minutos para dispensar a Jill Castle. Ela deu uma olhada para o produtor que estava fazendo sucesso com um grande e novo filme musicaclass="underline" ele se recusara a marcar uma entrevista com ela.

Na outra extremidade da mesa um famoso diretor de comédias conversava animadamente com a estrela de seu último filme. Também ele se recusara a recebê-la.

Sam Winters conversava com o chefe de outro estúdio. Jill lhe mandara um telegrama pedindo que observasse seu trabalho num programa de televisão. Ele jamais se dignara responder.

Eles pagariam pelas humilhações e insultos, eles e todo o mundo nessa cidade que a tratara com desprezo. Agora, ela nada significava para as pessoas presentes, mas iria significar. Ah, sim. Um dia significaria muito.

A comida estava magnífica, mas Jill estava preocupada demais para reparar no que comia. Terminado o jantar, Toby levantou-se e disse:

─ É melhor nos apressarmos senão eles começam o filme sem nós.

Segurando Jill pelo braço, abriu caminho em direção à grande sala de projeção onde seria exibido o filme.

A sala estava preparada para que sessenta pessoas pudessem assistir ao filme confortavelmente instaladas em sofás e poltronas. Num dos lados da entrada havia um compartimento aberto cheio de doces e do outro, uma máquina de pipocas.

Toby sentou-se ao lado de Jill. Ela percebeu que durante toda a projeção seus olhos se voltaram mais para ela do que para o filme. Terminada a sessão, acenderam-se as luzes e foram servidos café e bolo. Meia hora mais tarde os convidados começaram a se despedir. A maioria tinha que estar cedo nos estúdios na manhã seguinte.

Toby estava junto à porta da frente despedindo-se de Sam Winters, quando Jill se aproximou, de casaco.

─ Aonde vai? ─ perguntou Toby. ─ Vou levar você em casa.

─ Eu estou de carro ─ respondeu com delicadeza. ─ Obrigada pela noite encantadora, Toby.

Toby ficou lá parado, sem poder acreditar, olhando-a afastar-se. Fizera planos fantásticos para o resto da noite. Levaria Jill para cima, até o quarto, e... chegara mesmo a escolher as fitas que tocaria! "Qualquer uma das mulheres que estiveram aqui esta noite agradeceria a oportunidade de se deitar na minha cama", pensou ele. E eram estrelas, não faziam pontas mudas. Jill Castle era burra demais para saber o que estava recusando. Pelo que dizia respeito a Toby, estava tudo terminado. Aprendera a lição.

Jamais voltaria a falar com ela.

Toby ligou para Jill às nove horas da manhã seguinte. Uma voz gravada atendeu ao telefone: "Alô, aqui fala Jill Castle. Sinto muito não estar em casa no momento. Se deixar seu nome e telefone, ligarei quando voltar. Aguarde, por favor, até ouvir o sinal. Obrigada". Seguiu-se um som agudo.

Toby ficou parado com o fone na mão e depois desligou com força, sem deixar nenhum recado. Claro que não iria conversar com uma voz mecânica. Um minuto depois tornou a ligar. Ouviu de novo a gravação e então falou: "Você tem a voz mais bonita da cidade. Devia embalá-la e vendê-la. Não costumo telefonar novamente para garotas que jantam comigo e saem correndo, mas no seu caso resolvi fazer uma exceção. Quais são seus planos para o jantar desta..." O telefone emudeceu. Ele falara demais para a maldita gravação. Ficou imóvel, sem saber o que fazer, sentindo-se um idiota. Estava furioso por ter de ligar novamente, mas discou pela terceira vez e disse: "Como dizia antes de o rabino me cortar, que tal jantarmos esta noite? Espero seu telefonema". Disse seu número e desligou.

Toby esperou inquieto o dia inteiro mas Jill não ligou. Às sete da noite, ele pensou: "Vá para o inferno. Foi sua última chance, baby". E dessa vez estava falando sério. Pegou o caderno de endereços e começou a folheá-lo. Não havia ninguém que lhe interessasse.

26

Foi o mais extraordinário papel da vida de Jill.

Não fazia menor idéia da razão pela qual Toby a queria tanto, já que podia ter qualquer moça em Hollywood, mas a razão não importava. O fato é que ele a queria. Durante vários dias ela não conseguiu pensar em outra coisa senão no jantar e no jeito como as pessoas ─ toda aquela gente importante ─ paparicava Toby.

Fariam qualquer coisa por ele. De algum modo, Jill tinha de dar um jeito para que ele fizesse qualquer coisa por ela. Sabia que teria de ser muito esperta: sua reputação era de homem que levava uma garota para a cama e depois perdia totalmente o interesse por ela. Gostava de caça, do desafio. Jill pensou muito em Toby e na maneira como o apanharia.

Ele lhe telefonava diariamente e ela deixou passar uma semana até concordar com um jantar. Toby ficou tão eufórico que todo o pessoal do elenco e da equipe comentou. A respeito

─ Se esse bicho existisse ─ disse Toby a Clifton ─ eu diria que é amor. Cada vez que penso em Jill tenho uma ereção.