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Alistair estica o braço e pega a espada ensanguentada; suas mãos se sujam de sangue quando ela ergue a espada, examinando-a. Quando ela se prepara para se livrar dela, para jogá-la do outro lado da sala – de repente a porta do quarto se abre.

Alistair se vira com a espada ensanguentada nas mãos, e vê a família de Erec entrando no quarto, acompanhada de uma dúzia de soldados. Quando eles se aproximam, suas expressões confusas se transformam em expressões de horror ao verem Erec deitado inconsciente no chão.

"Mas o que foi que você fez?" grita Dauphine.

Alistair olha para ela, sem compreender.

"Eu?" ela pergunta. "Eu não fiz nada."

Dauphina a encara com ódio ao mesmo tempo em que se aproxima.

"A não fez nada?" "Você só matou o maior e melhor cavaleiro das Ilhas!"

Alistair olha para ela horrorizada ao perceber por que todos estavam olhando para ela como se ela fosse uma assassina.

Ela olha para baixo e vê a espada ensanguentada em suas mãos, vê o sangue em seu vestido e percebe que todos deveriam estar pensando que ela havia feito aquilo.

"Mas não foi eu que o ataquei!" Alistair protesta.

"Ah, não?" Dauphine a acusa. "Então como foi que a espada apareceu magicamente em suas mãos?"

Alistair olha ao redor do quarto, ao mesmo tempo em que todos começam a se aproximar dela.

"Foi um homem que fez isso. O homem que o desafiou no campo de batalhas: Bowyer."

Os outros se entreolha, céticos.

"Ah, foi mesmo?" Dauphine pergunta. "E onde está esse homem?" ela pergunta, procurando pelo quarto.

Alistair não vê qualquer sinal dele, e percebe que todos devem achar que ela estava mentindo.

"Ele fugiu," ela explica. "Depois de tê-lo atacado."

"E então como foi que essa espada foi parar em suas mãos?" Dauphine pergunta.

Alistair olha para a espada em suas mãos horrorizada e a joga no chão, fazendo barulho no chão de pedras.

"Mas por que eu mataria meu futuro marido?" ela pergunta.

"Você é uma feiticeira," Dauphine fala, encarando-a de perto agora. "Pessoas como você não merecem nossa confiança. Ah, meu pobre irmão!" Dauphine fala, correndo para a frente e ajoelhando-se ao lado de Erec, ficando entre ele e Alistair. Dauphine abraça Erec, segurando-o com força.

"Mas o que foi que você fez?" Dauphine geme entre lágrimas.

"Mas eu sou inocente!" exclama Alistair.

Dauphine se vira para ela com uma expressão de ódio, e então se dirige aos seus soldados.

"Prendam-na!" ela ordena.

Alistair sente suas mãos sendo presas atrás de seu corpo ao mesmo tempo em que ela é forçada a ficar em pé. Não lhe restam mais energias, e ela é incapaz de resistir quando os guardas prendem seus pulsos em suas costas e começam a arrastá-la para longe. Ela não se importa mais com o que possa acontecer com ele – embora, ao ser levada, ela não consegue suportar a ideia de ser separada de Erec. Não agora, quando ele mais precisa dela. A cura que ela havia lhe dado era apenas temporária; ela sabe que ele logo precisaria de mais uma sessão, e se ele não a recebesse, ele certamente morreria.

"NÃO!" ela grita. "Solte-me!"

Mas seus gritos não surtem qualquer efeito e ela é levada embora, amarrada, como se ela fosse apenas uma criminosa comum.

CAPÍTULO TRÊS

Thor ergue as mãos aos olhos, cegado pela luz quando as brilhantes portas douradas do castelo de sua mãe se abrem, tão intensa que ele mal consegue ver. Uma figura caminha na direção dele, a silhueta de uma mulher que ele sente – com cada centímetro de seu corpo, ser sua mãe. O coração de Thor se acelera quando ele a vê parada diante dele, com os braços relaxados ao lado de seu corpo, olhando para ele.

Lentamente, a luz começa a desaparecer apenas o suficiente para que ele possa abaixar as mãos e olhar para ela. Aquele é o momento pelo qual ele esperava durante toda a sua vida, o momento que havia assombrando seus sonhos. Ele mal consegue acreditar: é realmente ela. A mãe dele. Dentro do castelo, em cima daquele penhasco. Thor finalmente abre completamente os olhos e a vê pela primeira vez ali, a apenas alguns metros dele, olhando de volta para ele. Pela primeira vez, ele vê o rosto dela.

Thor prende a a respiração ao ver a mulher mais linda que ele jamais havia visto em toda sua vida. Ela parece não ter idade, aparentando ser ao mesmo tempo jovem e velha, com uma pela quase translúcida e um rosto brilhante. Ela sorri para ele docemente, e seus cabelos loiros caem além de sua cintura, seus olhos são cinza brilhantes e seus traços marcantes se assemelham aos dele. O que mais surpreende Thor ao olhar para ela é que de cera forma ele pode reconhecer muitas características suas no rosto dela – a curva de seu maxilar, seus lábios, o tom de seus olhos cinza, e até mesmo a altura da testa dela. De alguma forma, é como se ele estivesse olhando para si mesmo. Ela também se parece muito com Alistair.

A mãe de Thor, vestindo um manto de seda branco com capuz, fica em pé com os braços ao lado do corpo e as palmas das mãos viradas pra fora, sem nenhuma joia, e sua pela parece ser macia como a de um bebê. Thor pode sentir uma intensa energia emanando dela, mais intensa do que qualquer energia que ele já havia sentido, como se o sol o estivesse envolvendo. Enquanto ele permanece envolvido por ela, ele sente ondas de amor direcionadas a ele. Thor nunca havia sentido tanto amor e aceitação incondicionais. Ele sente como se ele pertencesse ali.

Parado ali diante dela agora, Thor finalmente sente como se uma parte dele estivesse completa, como se o mundo finalmente estivesse em seu lugar.

"Thorgrin, meu filho," ela diz.

Aquela é a voz mais bela que ele já tinha ouvido, suave, ressoando pelas antigas paredes de pedra do castelo, parecendo ter descido diretamente do céu para seus ouvidos. Thor fica ali parado completamente em choque, sem saber o que fazer ou dizer. Aquilo estava mesmo acontecendo? Ele se pergunta brevemente se aquilo tudo seria apenas uma criação da Terra dos Druidas, apenas outro sonho, ou sua mente pregando mais uma peça nele. Ele queria abraçar sua mãe desde que conseguia se lembrar, e então dá um passo á frente, determinado a descobrir se ela era apenas uma aparição.

Thor estica o braço para tocá-la e, ao fazer isso, teme que seu abraço encontrará apenas o vazio, e que aquilo não passa apenas de uma ilusão. Mas o estender a mão, ele sente seus braços envolverem o corpo dela, e se vê abraçando uma pessoa de verdade – e sente quando ela o abraça de volta. É a melhor sensação do mundo.

Ela o abraça com força, e Thor fica exultante em saber que ela é real. Que tudo aquilo é real. Que ele tem uma mãe de verdade, que ela realmente existe, e que ela realmente está ali, naquela terra de ilusões e de fantasias – e que ela verdadeiramente se importa com ele.

Depois de algum tempo, eles se separam, e Thor olha para ela com lágrimas nos olhos, e vê que ela também tem lágrimas nos dela.

"Estou tão orgulhosa de você, meu filho," ela diz.

Ela a encara, sem saber o que dizer.

"Você completou sua jornada," continua ela. "Você é digno de estar aqui. Você se tornou o homem que eu sempre soube que você se tornaria."

Thor a observa, analisando suas feições, ainda encantado pelo fato de que ela realmente existe, e se perguntando o que dizer. Durante toda a sua vida, ele havia sido inundado por tantas perguntas, mas agora que está diante dela, ele não consegue se lembrar de nenhuma delas. Ele sequer sabe por onde começar.

"Venha comigo," ela fala, virando-se, "e eu vou lhe mostrar esse lugar – o lugar onde você nasceu."

Ela sorri, estendo o braço, e Thor segura a mão dela.

Eles caminham lado a lado pelo castelo, e uma luz emana de sua mãe e reflete pelas paredes enquanto ela lidera o caminho. Thor observa tudo com espanto: aquele é o lugar mais resplandescente que ele já tinha visto, as paredes do castelo são todas deitas de ouro, é tudo perfeito e brilhante, completamente surreal. Ele sente como estivesse em um castelo mágico no céu.